segunda-feira, 25 de julho de 2011

Presidente da ABIH Nacional fala sobre a hotelaria brasileira

Em entrevista ao site Diário do Turismo, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), Enrico Fermi Torquato falou sobre diversos aspectos que pautam a agenda da instituição e a hotelaria brasileira.
Confira a entrevista:
Comente sobre a dobradinha ABIH x Copa do Mundo de 2014...
Enrico Torquato: Nossa preocupação não é somente com a Copa do Mundo. Nossa realidade é outra, pois temos a perspectiva de um trabalho para os próximos 7 anos. Em 2010 fizemos um novo trabalho na ABIH de projeção dos 50 milhões de brasileiros que serão inseridos na cadeia do consumo. Há quinze anos tivemos a inserção de 30 milhões de novos consumidores e, na época, preocupava-nos o tema da moradia, do bem-estar social. A hotelaria não estava pronta pra atender esse público. Atualmente já temos que pensar nisso, pois o turismo, o entretenimento e o lazer são temas que estão na mesa do brasileiro da classe C, no orçamento deste novo consumidor. Trabalhamos com esta perspectiva. Se acompanharmos esse pensamento a Copa do Mundo será atendida. O evento deverá trazer 600 mil turistas durante 40/60 dias. Será um legado, uma visibilidade mundial, um tema político bastante forte.
Com mais consumidores inseridos no turismo, mais recursos são necessários. Como avalia os legados da Copa do Mundo?
Enrico Torquato: Creio que os históricos das Copas do Mundo são que, primeiro: durante muitos anos a memória do país fica em exposição na mídia mundial, esta exposição acontece sem a utilização dos recursos públicos, por exemplo na Copa da África do Sul, o país ficou em exibição desde 2006 quando foi anunciado como sede até o próximo mundial. Segundo: uma grande demanda e melhoria na infraestrutura urbana, aparatos de segurança, transporte e mobilidade, equipamentos virão para melhorar a qualidade de vida das cidades; e terceiro: a qualificação da mão-de-obra, isso vai ficar e não desaparecerá. Teremos profissionais mais treinados e haverá uma nova hotelaria nacional.
A qualificação de mão-de-obra é fundamental, fale-nos de números com a Escola Virtual dos Meios de Hospedagens.
Enrico Torquato: O Ministério do Turismo (MTur), junto com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), tem feito um bom trabalho com o projeto Bem receber Copa. Nós atuando - enquanto instituição - na gestão da Escola Virtual dos Meios de Hospedagens (EVMH) qualificamos na primeira etapa do programa em 2010 mais de 4000 profissionais. Na segunda etapa este ano nossa meta são 12 mil profissionais, já temos inscritos mais de 16 mil pessoas. Por isso quero ver com o MTur uma adequação no número de vagas. A qualificação promovida pelo Bem Receber Copa, do Ministério do Turismo, será um dos grandes legados após os eventos.
Como analisa o câmbio (dólar x real) nas tarifas dos hotéis de hoje? Quem ganha: o turista estrangeiro, o brasileiro ou o dono do hotel?
Enrico Torquato: Não adianta alimentar uma expectativa de pagar a conta. O real se valorizou. Isso é um filme do passado. Uma melhor capacitação, uma melhoria da produtividade automaticamente barateou os produtos tornando-os mais competitivos. O Governo Federal através dos temas trabalhistas e tributários não tende a flexibilizar, sendo uma luta contínua. A indústria nacional se tornou mais competitiva, mas a Constituição Brasileira (1988) cometeu distorções que hoje precisam ser mudadas como a flexibilização do contrato de trabalho e terceirização que afeta diretamente a hotelaria. Por isso o Governo terá que dar concessões. Na relação todos ganham.
Comente-nos sobre financiamentos à hotelaria.
Enrico Torquato: O financiamento através do BNDES que ofereceu duas linhas de crédito para o turismo, uma será de R$ 1 bilhão de linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 1,3 bilhão provenientes dos Fundos Constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, criados a partir da Constituição de 1988 para fomentar o desenvolvimento dessas regiões. Esta primeira trabalha os conceitos de Hotel Padrão, Hotel Eficiência Energética e Hotel Sustentável, estabelecendo regras diferenciadas para cada categoria. Mas para o pequeno e médio empresário o formato desse financiamento inviabilizou a captação, pois o hoteleiro agora tem que entrar com 1,3% do valor do empreendimento e só após o término da obra o BNDES liberará a garantia.
O Brasil terá demanda suficiente para a oferta de hotéis enquanto nosso endereço estiver no Hemisfério Sul?
Enrico Torquato: A hotelaria no Brasil está engatinhando nos últimos 30 anos. Como todo o setor, não tivemos tempo para qualificar a mão-de-obra. Por isso ressalto que programas como o Bem Receber Copa vêm para capacitar nossos profissionais. Nosso povo é diferente, já recebe bem naturalmente, sendo uma qualidade Isso nos dá um upgrade quando nos qualificamos, aliando profissionalismo natural com a técnica. Assim podemos nos comparar com outros mercados.

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